segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Oficina Livre e avaliação- Data: 14/11/09

“Nós vos pedimos com insistência:
não digam nunca
isso é natural.

Sob o familiar,
descubram o insólito.
Sobre o cotidiano, desvelem o inexplicável.
Que tudo que é considerado habitual
provoque a inquietação.
Na regra, descubram o abuso.
E sempre que o abuso for encontrado,
encontrem o remédio.”
Bertolt Brecht




A inquietação provocada pela oficina passada sobre variantes lingüísticas motivou-nos para a realização desta oficina livre, na qual pudemos discutir e aprofundar nossos conhecimentos sobre este assunto.


Para motivação inicial utilizamos o vídeo com a música “Another brick in the wall - Pink Floyd”, a partir dela pudemos refletir sobre o nosso papel enquanto educadores. Logo após, sugerimos que os professores cursistas respondessem algumas questões pertinentes às variantes lingüísticas. O objetivo era contrapor a visão que os professores têm sobre o assunto com a opinião do renomado professor da UNB Marcos Bagno e defensor das variedades lingüísticas. O nosso texto base para esta discussão foi a entrevista dada a Sérgio Simka da revista “Discutindo Língua Portuguesa Especial”, intitulada ERRO SOBRE “ERRO”.

Na entrevista Bagno disserta sobre o abismo socioeconômico existente entre a considerada “norma padrão” ou “culta” do português e suas diversas variações faladas pela maioria da população. Ele acredita que “a noção de erro em língua é inaceitável dentro de uma abordagem científica dos fenômenos da linguagem. Nenhuma ciência pode considerar a existência de erros em seu objeto de estudo”. Assim sendo, os professores puderam expor suas ideias e avaliar novos conceitos.

Nesse contexto, entendemos que a língua é dinâmica e que devemos desenvolver em nossos alunos a capacidade de expressão e reflexão da língua. Segundo Bagno a norma culta deve ser o principal objeto de estudo nas escolas, mas uma norma culta real e não idealizada. A norma culta real seria identificável na fala e na escrita atual da população culta do país. A norma culta idealizada só serve aos gramatiqueiros que adotam uma prática classificatória, normativa e conceitual da língua e que de nada serve ao processo de aprendizagem significativo da língua portuguesa.

Ainda nessa perspectiva de mudança de conceitos e aprimoração de saberes finalizamos esta oficina livre com a mensagem de Rubem Alves “Educar o olhar”.

Educar o olhar

“Educar é mostrar a vida a quem ainda não a viu.
O educador diz: “Veja!” - e, ao falar, aponta.
O aluno olha na direção apontada e vê o que nunca viu.
Seu mundo se expande.
Ele fica mais rico interiormente...”
“E, ficando mais rico interiormente, ele pode sentir mais alegria
e dar mais alegria - que é a razão pela qual vivemos.”
“Já li muitos livros sobre psicologia da educação, sociologia da educação, filosofia da educação – mas, por mais que me esforce, não consigo me lembrar de qualquer referência à educação do olhar ou à importância do olhar na educação, em qualquer deles.”
“A primeira tarefa da educação é ensinar a ver...
“É através dos olhos que as crianças tomam contato com
a beleza e o fascínio do mundo...”
“Os olhos têm de ser educados para que nossa alegria aumente.”
“A educação se divide em duas partes: educação das habilidades
e educação das sensibilidades...”
“Sem a educação das sensibilidades, todas as habilidades
são tolas e sem sentido.”
“Os conhecimentos nos dão meios para viver.
A sabedoria nos dá razões para viver.”
“Quero ensinar as crianças.
Elas ainda têm olhos encantados.
Seus olhos são dotados daquela qualidade que, para os gregos,
era o início do pensamento:...”
“...a capacidade de se assombrar diante do banal
“Para as crianças, tudo é espantoso:
um ovo, uma minhoca, uma concha de caramujo, o vôo dos urubus,
os pulos dos gafanhotos, uma pipa no céu, um pião na terra.
Coisas que os eruditos não vêem.”
“Na escola eu aprendi complicadas classificações botânicas,
taxonomias, nomes latinos – mas esqueci.
Mas nenhum professor jamais chamou a minha atenção para a beleza de uma árvore...
...ou para o curioso das simetrias das folhas.”
“Parece que, naquele tempo, as escolas estavam mais preocupadas em fazer com que os alunos decorassem palavras que com a realidade para a qual elas apontam.”
“As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor.
“Aprendemos palavras para melhorar os olhos.”
O ato de ver não é coisa natural.
Precisa ser aprendido.”
“Há muitas pessoas de visão perfeita
que nada vêem...
O ato de ver não é coisa natural.
Precisa ser aprendido.”
“Quando a gente abre os olhos, abrem-se as janelas do corpo,
e o mundo aparece refletido dentro da gente.”
“São as crianças que, sem falar, nos ensinam as razões para viver.
Elas não têm saberes a transmitir.
No entanto, elas sabem o essencial da vida.”
“Quem não muda sua maneira adulta de ver e sentir
e não se torna como criança jamais será sábio.”
Rubem Alves


À tarde realizamos uma oficina de avaliação na qual os professores cursistas participaram da dinâmica “Para mim a 1ª Etapa de Formação do Gestar II foi...” Assistiram ao vídeo “Trabalho em equipe”, expuseram suas ideias, sugestões e reclamações também. Foi um momento muito agradável de socialização dos portifólios, depoimentos e interação.

Avaliar é necessário, torna-se uma constante em nossas vidas. Avaliamos nossas ações, nossas atitudes diárias, nossos relacionamentos e sentimentos e principalmente nossas interações e aprendizagens. São reflexões e julgamentos necessários ao nosso aprimoramento pessoal e profissional. Na prática educativa, a avaliação incide sobre nossos objetivos, sobre o ensino-aprendizagem dos nossos alunos e sobre os resultados esperados.







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